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ALCOOLISMO E DROGAS. UM NOVO PRISMA – PARTE 1

Existe diferença entre beber “socialmente” e ser um alcoólico? O alcoolismo é uma doença? Existe interferência obsessiva espiritual? Afinal, porque as pessoas tornam-se alcoólicos? E as outras drogas, são mesmo piores que o álcool?

Além daquele terrível incômodo que o bêbado causa, sabemos que os maiores efeitos colaterais do alcoolismo, são os que atingem a saúde e a vida pessoal, familiar, social e profissional. Neste artigo, usarei como base o material de uma palestra que dei em 2011 numa comunidade de adictos aqui em MG.

Bem, irei começar citando trechos do livro “Na opinião do Bill”, que é a literatura de base do AA (Alcoólicos Anônimos). Mas quem foi o Bill?

William Griffith Wilson (Estados Unidos, 26 de novembro de 1895-24 de janeiro de 1971), também conhecido por Bill Wilson ou Bill W. - nome pelo qual ficou conhecido no mundo inteiro - foi o cofundador do grupo de mútua ajuda Alcoólicos Anônimos juntamente com o Dr. Robert Smith, mais conhecido como Dr. Bob S. ou Dr. Bob.

Bill, foi filho de um alcoólico, que tendo sido abandonado pelos pais, foi criado por seus avós, e se tornou um alcoólico inveterado que foi totalmente consumido pelo álcool até seus 39 anos, quando já transformado num farrapo humano, através do apoio religioso, se empenhou em curar-se do vício. Uma vez conseguido seu equilíbrio, empenhou-se em ajudar outras pessoas que se encontravam em situações semelhantes que ele havia vivido, e foi aí que conheceu Dr. Robert, outro alcoólico intratável, que por muito insistir conseguiu trazê-lo para o seu projeto. Estava aí fundada informalmente, em 1935, em sua própria casa, a AA (Al. Anon), cuja filosofia é “só um alcoólico pode ajudar outro alcoólico”. Somente alguns anos mais tarde, é que conseguiu recursos para criar sua sede e publicar seu famoso livro “Os 12 passos” que posteriormente passou a servir de apoio ao tratamento de todo o tipo de adictos. Apesar de todo o seu empenho e dedicação, Bill, não viu no cigarro uma “droga” destrutiva e acabou morrendo de enfisema e pneumonia nos pulmões, em 1971.

Na opinião do Bill:

“Há alguns anos atrás eu costumava ter pena de todas as pessoas que sofriam. Agora somente tenho pena daquelas que sofrem por ignorância, que não entendem o propósito e a utilidade definitiva da dor.

Não devemos nunca nos deixar cegar pela filosofia fútil de que somos vítimas da nossa hereditariedade, de nossa experiência de vida e de nosso meio ambiente – de que essas são as únicas forças que tomam as decisões por nós. Esse não é o caminho para a liberdade. Temos que acreditar que podemos realmente escolher.

Como viciados ativos, perdemos a capacidade de escolher se cederíamos ao vício ou não. Somos vítimas de uma compulsão que parece determinar que deveríamos prosseguir em nossa própria destruição.

No entanto, felizmente, fizemos escolhas que nos levaram à recuperação. Viemos a acreditar que, sozinhos, éramos impotentes contra o vício. Isso foi certamente uma escolha, aliás, muito difícil. Acreditamos que um Poder Superior poderia nos devolver a sanidade, quando nos dispusemos a trilhar o caminho para a recuperação. Resumindo, preferimos “estar dispostos”, e essa foi a melhor escolha que poderíamos ter feito.

É evidente que uma vida onde se inclui profundos ressentimentos, só leva à futilidade e infelicidade. ...Mas com o Alcoólico, esse negócio de guardar ressentimento é grave mesmo, pois daí, nos afastamos da luz do Espírito. A loucura do álcool volta, e bebemos novamente. E conosco, beber é morrer.

Se quisermos viver, é preciso nos livrar da raiva. O mau humor e a fúria repentina não são para nós. A raiva é o luxo incerto dos homens comuns, mas para nós viciados, ela é um veneno.

A Aceitação e a Fé são capazes de produzir 100% de Sobriedade. De fato, elas geralmente conseguem; e assim deve ser, caso contrário, não poderíamos viver. Mas a partir do momento em que transferimos essas atitudes para nossos problemas emocionais, descobrimos que só é possível obter resultados relativos. Ninguém pode por exemplo, se livrar completamente do medo, da raiva e do orgulho.

Consequentemente, nesta vida não atingiremos uma total humildade nem amor. Assim, vamos ter que nos conformar, com referencia à maioria de nossos problemas, pois um progresso muito gradual, às vezes é interrompido por grandes retrocessos.

Descobrimos que Deus não impõe condições árduas aos que o buscam. Para nós, o Reino do Espírito é amplo e espaçoso; não é privativo nem vedado aos que o busquem sinceramente. Acreditamos que ele esteja aberto a todos.

A sobriedade é tudo o que devemos esperar de um despertar espiritual? Não, a sobriedade é apenas o começo; é somente a primeira dádiva do primeiro despertar.

Se temos que receber outras dádivas, nosso despertar tem que continuar. E com o tempo, descobrimos que pouco a pouco vamos nos despojando da vida velha – a vida que não funcionou – por uma vida nova que pode e funciona sob quaisquer condições.

Não obstante o exito ou o fracasso do mundo, não obstante a dor ou alegria, não obstante a doença ou a saúde ou ainda a morte, uma nova vida de possibilidades intermináveis pode ser vivida se estamos dispostos a continuar nosso despertar...

Bill, abril 1967 – co-fundador A.A.”

Mas seria a AA uma religião?

Mesmo a Irmandade criada pelo Bill, não sendo caracterizada como uma religião, sabia-se na época que teve fortes influências jesuítas, e ainda mais porque todas suas reuniões da Irmandade eram terminadas com a oração dominical. Uma vez um monge budista, após elogiar seus “12 passos”, chegou até a sugerir que ele trocasse em seus textos, a palavra DEUS por BEM, de forma que pudesse se compatibilizar com outras religiões. Em outra ocasião, um dos membros, incomodado pelo hábito de alguns grupos cantarem hinos religiosos diversos, ao fim de cada reunião do AA, escreveu ao Bill para que lançasse uma norma proibitiva, visto que a maioria dos adictos nem religião tinham. Bill lhe respondeu que cuidasse mais de suas atribuições no grupo e deixasse que cada comunidade tomasse o rumo que quisesse de acordo com o princípio maior de seus componentes. Entretanto, por suas palavras, com grifo meu, percebemos que a fé do Bill em Deus e numa vida futura, era verdadeira, e que ele sabia, que precisaríamos de mais que uma vida para nos livrarmos de nossas impurezas e defeitos, e que para isso, nosso despertar teria que ser continuado...Mesmo não sendo uma religião, suas bases eram espirituais.

Bill declara a C. G. Jung a transcendência da AA

Em sua carta dirigida ao psicanalista Carl Gustav Jung, em 1961, Bill faz relatos importantes e interessantes, sobre um antigo paciente, Mr. Rowland, que se tornou membro do Oxford Group em 1931. Este Mr. Rowland procurou Jung após ter feito varias tentativas sem sucesso de se livrar do alcoolismo, e durante um ano de tratamento com ele manteve-se sob controle, porém, findado tratamento, acabou retornando ao vício. Certo que Jung seria sua “tabua de salvação”, retomou o tratamento com ele. E seus diálogos com o psicanalista acabaram servindo de apoio para a fundação da AA. Vejamos trechos dessa carta:

“...primeiramente disse-lhe o Senhor (Jung) francamente que não via esperanças para ele em novos tratamentos, fossem eles médicos ou psiquiátricos. Esta sua posição sincera e humilde foi, sem dúvida, a primeira pedra em que fundamentamos a nossa Sociedade”.

“Tal afirmação, vinda de quem ele tanto confiava e admirava produziu sobre ele (Mr. Rowland) o mais violento impacto.”

“Quanto ele lhe perguntou se então não haveria para ele alguma esperança, o Senhor lhe respondeu que poderia haver sim e que esta seria a de tornar-se sujeito de uma genuína experiência espiritual ou religiosa – em resumo, de uma autêntica conversão. Tal experiência poderia motivá-lo mais que outra qualquer, disse-lhe o Senhor. Mas preveniu-o de que conquanto tais experiências tivessem acontecido a alguns alcoólicos, elas eram comparativamente raras. E recomendou-lhe que se colocasse em uma atmosfera religiosa e que esperasse. Esta foi a substância do seu conselho.”

Então Bill, que nessa época ainda tentava livrar-se do vício sozinho, acabou iniciando o tratamento com Dr. Silkworth, que era especialista nesse assunto, e tão logo, conseguiu livrar-se temporariamente do vício, resolveu acrescentar a seu tratamento esse cunho espiritual sugerido por Jung, visto que também se encontrava desesperançado consigo mesmo. Chegou a receber ajuda de um amigo, Edwin T. que também conseguiu livrar-se do vício aliando seu tratamento a ajuda espiritual recebida no Oxford Group. Porém, Bill, sentia-se um homem completamente incapacitado para ter fé, vencido pela depressão. Vejamos o seu relato:

“Desesperado, então gritei: - "Se existir um Deus, que ele se mostre para mim". Imediatamente, uma iluminação de enorme impacto e dimensão envolveu-me, uma coisa extraordinária que tentei descrever no meu livro Alcoholics Anonymous, bem como em "A.A. Come of Age", textos básicos que lhe estou enviando agora.”

“Meu desligamento da obsessão pelo álcool foi imediato. Senti que me havia tornado um homem livre. Logo em seguida a esta minha experiência recebi no hospital, das mãos de Edwin o livro de William James, "Varieties of Religious Experience", livro este que veio me conscientizar que a maior parte das experiências religiosas, as mais variadas têm um denominador comum que é o colapso do ego, a sua queda no maior desespero. O indivíduo tem que se encontrar em uma situação extrema, frente a um dilema insolúvel. No meu caso esta situação, este dilema insolúvel nasceu da minha compulsão à bebida, e um profundo sentimento de desespero mais ainda tomou conta de mim, quando o meu amigo alcoólico comunicou–me o seu veredicto de incurável, dado a Rowland H.”

“Durante a minha experiência religiosa tive a inspiração de uma sociedade de alcoólicos em que cada um se identificasse com o outro e lhe transmitisse a sua experiência, em uma espécie de cadeia. Se cada sofredor tinha que dar a notícia do veredicto de incurável que a ciência médica conferia ao ingresso no tratamento, deveria também lhe colocar a possibilidade de uma abertura a uma experiência de transformação espiritual. Este conceito provou ter sido a base de posteriores conquistas dos alcoólicos anônimos. Isto fez com que as experiências da conversão, quase tão múltiplas quanto as citadas por W. James se tornassem disponíveis em larga escala.”

Dessa forma Bill relata, que ainda que a ciência desse suporte psicológico ou químico ao tratamento, o sucesso jamais poderia ser alcançado sem o apoio espiritual. E se esse apoio é imprescindível, fica claro que as origens do problema transcende a vida material, ao corpo físico...

A resposta de C. G. Jung à carta de Bill

“Caro Sr. Wilson., A sua carta foi-me realmente bem-vinda. Não tive mais notícias de Rowland H. e muitas vezes desejei conhecer o seu destino. O diálogo que mantivemos, ele e eu, e que ele muito fielmente lhe transmitiu teve um aspecto que ele mesmo desconheceu.

... A sua fixação pelo álcool era o equivalente, em nível mais baixo, da sede espiritual do nosso ser pela totalidade, expressa em linguagem medieval, pela união com Deus.

... Estou firmemente convencido de que o princípio do mal prevalecente no mundo conduz as necessidades espirituais, quando negadas, à perdição, se ele não for contrabalançado por uma experiência religiosa ou pelas barreiras protetoras da comunidade humana. Um homem comum desligado dos planos superiores, isolado de sua comunidade, não pode resistir aos poderes do mal, muito propriamente chamados de demônio. Mas o uso de tais palavras nos leva a tais enganos que temos que nos manter afastados delas, tanto quanto possível. Eis as razões porque não pude dar a Rowland H. plena e suficiente explicação. Estou arriscando-me a dá-las a você por ter concluído pela sua carta decente e honesta, que você já adquiriu uma visão superior do problema do alcoolismo, bem acima dos lugares comuns que, via de regra, se ouvem sobre ele. Veja você, "álcohol" em latim significa "espírito", e você, no entanto, usa a mesma palavra tanto para designar a mais alta experiência religiosa como para designar o mais depravador dos venenos. A receita então é "spiritus" contra "spiritum".

Agradecemos você novamente por sua amável carta, eu me reafirmo.

Sinceramente, C. G. Jung.”

Jung, que fora discípulo de Freud, rompeu relações com ele por crer que a fonte de muitos problemas humanos transcendiam sua simples existência e que raros derivavam de situações sexuais. Prosseguindo em seus estudos Jung, convenceu-se da reencarnação, da existência de um mundo espiritual e da influências cármicas e obsessivas na vida das pessoas. Eis porque se tornou o precursor da psicologia transpessoal.

E quanto ao Bill, sua biografia oficial revela, sem qualquer reserva ou constrangimento que, por anos a fio, após a fundação do AA, eram feitas sessões [espíritas] na casa de Bill, além de outras atividades psíquicas, incluindo a consulta de Tábua de Ouija (mesa branca de consulta com letras, símbolos e números). A biografia declara: Há referências de sessões e outros eventos psíquicos nas cartas que Bill escreveu a Lois [esposa dele], durante aquele primeiro verão em Akron, com os Smiths [Bob e Anne], em 1935. [Veja essas citações da biografia pessoal do fundador]: “Bill deitava-se no sofá. Ele “obtinha” tais ensinamentos [do mundo espiritual] toda semana. A cada vez, certas pessoas [demônios personificando seres humanos mortos] poderiam “entrar e trazer longos ensinamentos, palavra por palavra…” [Em 1938] quando Bill começou a escrever [o manual do AA], ele clamou por direção […] As palavras começaram a pulular com velocidade espantosa. Ele completou o primeiro rascunho em meia hora […] Numerando os novos passos, eles chegaram a 12, um número simbólico; ele pensou nos 12 apóstolos e, pouco tempo depois, estava convicto de que a Sociedade deveria ter 12 passos. Foi através de mediunidade que Bill recebeu o manual dos Alcoólicos Anônimos (psicografia). Não é surpresa, portanto, que o efeito do AA sobre muitos dos seus membros tem sido levá-los ao envolvimento com o ocultismo.

Em 1958, Bill escreveu a Sam Shoemaker: “Através do AA, nós recebemos um tremendo volume de fenômenos psíquicos, muitos deles espontâneos. Alcoólatras após alcoólatras têm me contado sobre tais experiências […] que cobrem uma gama enorme de tudo que vemos nos livros.” Além da minha experiência mística original, eu mesmo tenho vivido incontáveis fenômenos psíquicos.”

Estamos convictos que seus ensinamentos foram realmente superiores. Talvez essas conclusões nos levem a entender porque a ciência diz que “o alcoolismo é uma doença que pré-existe ao uso do álcool” .

Então meus caríssimos leitores, esta primeira parte deste artigo, posso chamá-la apenas de Introdutória, visto que na sequência traremos informações mais detalhadas á luz da ciência, esclarecendo aspectos terrivelmente nocivos à saúde, desconhecidos da maioria da população que eventualmente consome álcool ou faz uso “moderado” de outras drogas. E ainda irei abordar aspectos psicológicos e espirituais estarrecedores, somente conhecidos, comprovados e relatados por alcoólicos e outros adictos.

Não deixem de acompanhar a continuação no próximo artigo.

Até lá...

Sentimentos

“A principal razão de um obstáculo é o conflito de sentimentos. Nosso estado de espírito se eleva ou cai a partir de duas coisas: sentimentos e intenções. Para mantermos o alto-astral, precisamos ter mais sentimentos de: (1) bondade, (2) amorosidade e cooperação, (3) coragem e entusiasmo; (4) consciência da alma, (5) pertencimento. Todos esses tipos de sentimentos são chamados de bons votos. Quando temos bons votos em relação a nós e aos outros, nós sentimos mais próximos de todos. Como consequência disso, obstáculos e conflitos terminam.” (Brahma Kumaris).

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FONTES:

https://pt.wikipedia.org/wiki/

www.josefleuri.com.br/uploads/59/59-9191f93d4a27e211184f94ac4b5f3418.pdf

Sites diversos, ex.: Min.Saúde, Marpan Seguros ,Agencia Nac. Meio Ambiente, Wikipédia, gnosisonline.org, Biblia Online, Fraternidade RosaCruz, Kardec Online, espiritismo.org.br

Livro Oficial do AA – Na opinião do Bill; Curso de Teologia Cristã – Yahoo

A Bíblia de Jerusalém - edição brasileira (1981, com revisão e atualização na edição de 2002)

A King James Version (autorizada), 1611:

MACHADO, I. P. Driblando a Dor, pelo Espírito Luiz Sérgio. Brasília, Recanto, 1991.

MASUR, J. O Que é Toxicomania. 5. ed., São Paulo, Brasiliense, 1993. (Coleção Primeiros Passos, n.º 149)

XAVIER, F. C. Cartas e Crônicas, pelo Espírito Irmão X. 3. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1974.

(Revista O Reformador – Março/98), (Jornal Mundo Espírita de Abril de 1998)

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