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A MEDIUNIDADE. UMA VISÃO CIENTÍFICA E ESPIRITUAL (2ª PARTE).


Como a Doutrina Espírita define, classifica e esclarece os fenômenos mediúnicos? O que significa ser um bom médium? Qualquer pessoa pode se tornar médium? E as crianças tem mais mediunidade que os adultos? Mediunidade favorece a obsessão espiritual? Vamos conhecer melhor esse 6° sentido…

No artigo anterior abordei o tema sob o ponto de vista científico e psicológico, e pudemos conceituar de forma imparcial e não-religiosa o fenômeno mediúnico, segundo grandes pesquisadores do assunto. Agora, darei prosseguimento ao artigo, trazendo explicações mais profundas, não abrangidas pelas ciências, mas iluminadas pela ciência espírita.

Um pouco de história…

A Mediunidade na História da Humanidade

Os egípcios sempre tiveram uma forte ligação com o chamado mundo dos mortos. Além de toda uma relação com deuses e seus emissários, havia uma grande preocupação com a vida após morte.

Para os antigos gregos; que também se comunicavam com deuses através de oráculos, sonhos e mensagens; o mundo dos mortos e de seres, que viveriam em um mundo diferente do nosso, sempre esteve presente. Assim como os egípcios, este povo também tinha um Deus que governava o mundo dos mortos, Hades.

Os próprios hebreus e os cristãos, ao escreverem as páginas do livro sagrado mais famoso e influente de todos os tempos — a Bíblia, descrevem vários incidentes em que não seria possível uma explicação baseada em evidências científicas mais tradicionais como o empirismo e o positivismo. Encontros com anjos, aparições de pessoas, mortos ressuscitados, levitações, adivinhações, precognições e luzes que parecem surgir do nada demonstram que a Bíblia é um verdadeiro catálogo de fenômenos paranormais.

Na antiguidade então, o sobrenatural era o responsável por transtornos mentais. A grande diferença era de que nesta época os exorcismos eram realizados de forma brutal e violenta. Apedrejamentos e torturas das mais cruéis eram realizados pelos membros da igreja, que chegaram a queimar vivas pessoas que eram consideradas possuídas.

Além de tantos eventos descritos na Bíblia, os católicos acreditam que os santos, que são pessoas já falecidas, são capazes de escutar e atender seus apelos. Isso sem contar os anjos, que seriam seres mais elevados, imateriais, mas que poderiam ser vistos, ouvidos e sentidos quando quisessem.

São Justino, Apologética, I, 18 (edição dos Beneditinos de 1742, pág. 54), escreve o seguinte a respeito das manifestações dos mortos:

“A necromancia, as evocações das almas humanas… vos demonstrarão que as almas, mesmo depois da morte, são dotadas de sentimento; os que se acham possessos dos espíritos dos mortos são por todos chamados demoníacos e furiosos (et qui ab animabus mortuorum correpti projiciuntur daemoniaci et furiosi ab omnibus appellati).”

Nesse enunciado, depreende-se que a Igreja reconhecia a imortalidade dos espíritos, a possibilidade de uma dimensão espiritual paralela, sensível por algumas pessoas, que poderiam estar momentaneamente sob suas influências, e que vulgarmente eram associadas demônios ou a loucura.

As religiões orientais como o hinduísmo, o budismo, o taoismo e o xintoísmo possuem também conceitos, com outros nomes e até com outras finalidades, mas que podem ser verificados como comunicação entre vivos e mortos e reencarnação.

E também as culturas e religiões originadas da África acreditam plenamente na vida após a morte e no contato de espíritos, através de todas as possibilidades mediúnicas como a visão, a audição e a incorporação.

A mediunidade e o Espiritismo

Para alguns autores, a história do espiritismo teve início em 1848, na cidade de Hydesville, no Estado de Nova York, nos Estados Unidos, quando pela primeira vez se pesquisou “oficialmente” um caso considerado paranormal.

Três irmãs, Kate, Lia e Margareth Fox teriam feito contato com o espírito de Charles B. Rosma através de pancadas ouvidas nas paredes de casa. À época esta prova de existência de vida após a morte foi aceita como verdadeira. Este caso teve grande repercussão na imprensa, principalmente porque as irmãs se dispuseram a fazer testes em várias comissões de análise, e todas atestaram a veracidade dos eventos. A partir disso começou-se a buscar outros fenômenos parecidos, e esta busca acabou chegando na Europa. O fenômeno mais popular naquela época, sem dúvida, eram as chamadas mesas girantes, que ocorria quando um grupo de pessoas se sentava em volta de uma mesa com as mãos sobre a mesma e repentinamente o móvel começava a se movimentar, independentemente da vontade dos participantes. Este fenômeno chegou a ser pesquisado nos Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Itália, Inglaterra e principalmente na França.

Em 1855, em Paris, o professor Hyppollite Leon Denizard Rivail (Allan Kardec) foi chamado a assistir a uma destas reuniões das mesas girantes. Intrigado com o que viu, o professor se lançou na busca pela resposta sobre o que estaria originando aqueles eventos. Cerca de dois anos após aquela primeira reunião, ele chegou a conclusão de que a mesa giratória era um instrumento de comunicação entre um espírito, uma pessoa já morta, e pessoas ainda vivas. Em 18 de abril de 1857, este professor lançou um livro chamado “O Livro dos Espíritos”, sob o pseudônimo de Allan Kardec, pelo qual ficou conhecido até os dias de hoje. Este livro é considerado, até os nossos tempos, o livro base do espiritismo, ou, da doutrina espírita, como chamou o próprio Kardec. Em seguida

vieram os livros “O Livro dos Médiuns” em 1861, “O Evangelho Segundo o Espiritismo” em 1864, “O Céu e o Inferno” em 1865 e “A Gênese” em 1868. Estes cinco livros são a essência de tudo aquilo em que se acredita sobre espiritismo até hoje, e seu autor é também, até o presente momento, reverenciado como a mais importante figura deste movimento.

Para Kardec, todas as faltas em vidas passadas tem que ser expiadas, mais cedo ou mais tarde. Assim, segundo ele, cada existência é uma oportunidade de progresso espiritual, sendo que as vicissitudes da vida podem ser provas impostas por Deus, ou escolhidas pelos indivíduos, antes de reencarnar, exatamente para expiação das faltas cometidas, como reajustes às leis divinas.

Allan Kardec (1804 ¿ 1869) assim definiu a mediunidade: “todo aquele que sente em um grau qualquer influência dos espíritos é, por esse fato, médium”.

Questão 459 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec: “Os espíritos influem sobre nossos pensamentos e ações? A este respeito, sua influência é maior do que podeis imaginar. Muitas vezes, são eles que vos dirigem”.

Estamos cercados por espíritos e sua influência oculta sobre os nossos pensamentos e atos se faz sentir pelo grau de afinidade que mantivermos com eles.

Não será objeto deste artigo, o estudo das Obsessões e Possessões Espirituais, que se trata de um fenômeno mediúnico específico já estudado num artigo anterior.

Alguns conceitos da Doutrina Espírita pertinentes ao estudo

Mediunidade:

Lamartine Palhano Jr. em seu “Dicionário de Filosofia Espírita”, conceitua mediunidade como sendo uma faculdade inerente ao homem que permite a ele a percepção, em um grau qualquer, da influência dos Espíritos. Não constitui privilégio exclusivo de uma ou outra pessoa, pois, sendo uma possibilidade orgânica, depende de um organismo mais ou menos sensitivo.

Mediunismo:

Alexander Aksakof, em 1.890, empregou o termo mediunismo para designar o uso das faculdades mediúnicas. A prática do mediunismo não significa que haja prática de Espiritismo propriamente dito, visto que a mediunidade não é propriedade do Espiritismo.

Mediunato:

Missão mediúnica da qual está investido um médium. Esta expressão foi criada pelos próprios Espíritos: “Deus me encarregou de desempenhar uma missão junto aos crentes a quem ele favorece com o mediunato” — Joana d’Arc (Capítulo XXXI, comunicação XII, em “O Livro dos Médiuns” de Allan Kardec).

Médium:

(Do latim: médium = meio; intermediário; medianeiro). Pessoa que pode servir de intermediário entre os Espíritos e os homens; aquele que em um grau qualquer sente a influência dos Espíritos de modo ostensivo.

A Predisposição Mediúnica:

A predisposição mediúnica independe do sexo, da idade e do temperamento, bem como da condição social, da raça, da cultura, da religião, da inteligência e até mesmo das qualidades morais. Todavia, quanto mais elevado for moralmente o médium, melhor instrumento este se tornará à Espiritualidade. (Já no tocante ao desenvolvimento intelectual do médium, quanto maior for o seu grau, mais os espíritos superiores poderão aproveitar de seu conteúdo para expressar suas comunicações).

O Desenvolvimento da Faculdade Mediúnica:

O desenvolvimento da faculdade mediúnica depende da natureza mais ou menos expansiva do perispírito do médium e da maior ou menor facilidade da sua assimilação pelo dos Espíritos; depende, portanto, do organismo e pode ser desenvolvida quando exista o princípio; não podendo, consequentemente, quando o princípio não existe.

Classificação dos Médiuns:

Inicialmente, podemos classificar os médiuns em Médiuns Facultativos ou Voluntários, e Médiuns Naturais ou Involuntários. Os Voluntários são aqueles que conhecedores de suas faculdades conseguem ter o controle de suas manifestações; os Involuntários são aqueles que desconhecendo suas faculdades, sofrem suas influências sem controle ou de mal grado.

No Livro “Desafios da Mediunidade”, o Espírito Camilo (mentor do médium e conferencista José Raul Teixeira), examina o termo “incorporação”:

Questão 28: “É correto falar-se em “incorporação”?”

R: “Não se trata bem da questão de certo ou errado. Trata-se de uma utilização tradicional, uma vez que nenhum estudioso do Espiritismo, hoje em dia, irá supor que um desencarnado possa “penetrar” o corpo de um médium, como se poderia admitir num passado não muito distante”.

Os principais tipos de mediunidade são:

· De efeitos físicos: este tipo pode ser dividido em dois grupos, ou seja, os facultativos — que têm consciência dos fenômenos por eles produzidos — e os involuntários ou naturais, que são inconscientes de suas faculdades, mas são usados pelos espíritos para promoverem manifestações fenomênicas sem que o saibam.

· Dos médiuns sensitivos ou impressionáveis: são pessoas suscetíveis de sentirem a presença dos espíritos por uma vaga impressão. Esta faculdade se desenvolve pelo hábito e pode adquirir tal sutileza, que aquele que a possui reconhece, pela impressão que experimenta, não só a natureza, boa ou má, do espírito que se aproxima, mas até a sua individualidade.

· Médiuns audientes ou clariaudientes: neste caso os médiuns ouvem a voz dos espíritos. O fenômeno manifesta-se algumas vezes como uma voz interior, que se faz ouvir no foro íntimo. Outras vezes, dá-se como uma voz exterior, clara e distinta, semelhante a de uma pessoa viva. Os médiuns audientes podem, assim, estabelecer conversação com os espíritos.

· Médiuns videntes ou clarividentes: são dotados da faculdade de ver os espíritos. Cabe salientar que o médium não vê com os olhos, mas é a alma quem vê e por isso é que eles tanto veem com os olhos fechados, como com os olhos abertos.

· Médiuns psicofônicos: neste tipo o médium serve como um instrumento pelo qual o espírito se comunica pela fala; assim, há a acoplação do perispírito do espírito comunicante no perispírito do médium, permitindo, assim, que o espírito utilize o aparelho fonador do médium para fazer uso da fala.

· Médiuns de cura: Este gênero de mediunidade consiste, principalmente, no dom que possuem certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação. Dir-se-á, sem dúvida, que isso mais não é do que magnetismo. Evidentemente, o fluido magnético desempenha aí importante papel.

· Médiuns mecânicos: Quem examinar certos efeitos que se produzem nos movimentos da mesa, da cesta, ou da prancheta que escreve não poderá duvidar de uma ação diretamente exercida pelo Espírito sobre esses objetos. A cesta se agita por vezes com tanta violência, que escapa das mãos do médium e não raro se dirige a certas pessoas da assistência para nelas bater. Digamos, de passagem, que tais efeitos demonstram sempre a presença de Espíritos imperfeitos; os Espíritos superiores são constantemente calmos, dignos e benévolos;

· Médiuns intuitivos: A transmissão do pensamento também se dá por meio do Espírito do médium, ou, melhor, de sua alma, pois que por este nome designamos o Espírito encarnado. O Espírito livre, neste caso, não atua sobre a mão, para fazê-la escrever; não a toma, não a guia. Atua sobre a alma, com a qual se identifica. A alma, sob esse impulso, dirige a mão e esta dirige o lápis.

· Médiuns semimecânicos: No médium puramente mecânico, o movimento da mão independe da vontade; no médium intuitivo, o movimento é voluntário e facultativo. O médium semimecânico participa de ambos esses gêneros.

· Médiuns inspirados: Todo aquele que, tanto no estado normal, como no de êxtase, recebe, pelo pensamento, comunicações estranhas às suas ideias preconcebidas, pode ser incluído na categoria dos médiuns inspirados.

· Médiuns de pressentimentos: O pressentimento é uma intuição vaga das coisas futuras. Algumas pessoas têm essa faculdade mais ou menos desenvolvida.

·Médiuns psicógrafos: Transmitem as comunicações dos espíritos através da escrita. São subdivididos em mecânicos, semimecânicos e intuitivos. Os mecânicos não têm consciência do que escrevem e a influência do pensamento do médium na comunicação é quase nenhuma.

Como há um grande domínio da entidade sobre a faculdade mediúnica a ideia do espírito comunicante se expressa com maior clareza. Há casos em que o médium psicografa mensagens complexas conversando com outras pessoas, totalmente distraído do que escreve. Já nos semimecânicos, a influência da entidade comunicante sobre as faculdades mediúnicas não é tão intensa, pois a comunicação sofre uma influência do pensamento do médium. Isso ocorre com a maioria dos médiuns psicógrafos.

· Com relação os intuitivos, estes recebem a ideia do espírito comunicante e a interpretam, desenvolvendo-a com os recursos de suas próprias possibilidades morais e intelectuais.

“Concebe-se que deve ser bastante raro que a faculdade de um médium seja rigorosamente circunscrita a um só gênero; o mesmo médium pode, sem dúvida, ter várias aptidões, mas há sempre uma que domina e é a que deve se interessar em cultivar, se for útil.” (O Livro dos Médiuns, 11ª parte, Kardec).

“Mediunidade espírita, porém, é a que faculta o intercâmbio consciente, responsável, entre o mundo físico e o espiritual, facultando a sublimação das provas pela superação da dor e pela renúncia às paixões, ao mesmo tempo abrindo à criatura os horizontes luminosos para a libertação total, mediante o serviço aos companheiros do caminho humano, gerando amor com os instrumentos da caridade redentora de que ninguém pode prescindir”. Joanna de Ângelis (espírito), livro Oferenda — pág. 130/131 -, psicografado por Divaldo Franco.

No Brasil, no que se refere à mediunidade e à espiritualidade, tem-se como ensinamento: “dê de graça o que de graça recebeste” (Muito embora alguns aproveitem oportunidades em benefício próprio).

Os médiuns de “incorporação” são classificados em conscientes, semi-conscientes e inconscientes.

Médiuns Conscientes:

Pode-se dizer que um médium consciente é aquele que durante o transcurso do fenômeno tem consciência plena do que está ocorrendo. O Espírito comunicante entra em contato com as irradiações perispirituais do médium, e, emitindo também suas irradiações perispirituais, forma a atmosfera fluídica capaz de permitir a transmissão de seu pensamento ao médium, que, ao captá-lo, transmitirá com as suas possibilidades, em termos de capacidade intelectual, vocabulário, gestos, etc.

O médium age como se fosse um intérprete da ideia sugerida pelo Espírito, exprimindo-a conforme sua capacidade própria de entendimento.

Médiuns SemiConscientes:

É a forma de mediunidade psicofônica em que o médium sofre uma semi-exteriorização perispíritica, permitindo que esse fenômeno ocorra.

O médium vai tendo consciência do que o Espírito transmite à medida que os pensamentos daquele vão passando pelo seu cérebro, todavia o médium deverá identificar o padrão vibratório e a intencionalidade o Espírito comunicante, tolhendo-lhe qualquer possibilidade de procedimentos que firam as normas da boa disciplina mediúnica.

Médiuns Inconscientes:

Esta forma de mediunidade de incorporação caracteriza-se pela inconsciência do médium quanto a mensagem que por seu intermédio é transmitida. Isto se verifica por se dar uma exteriorização perispiritual total do médium.

O fenômeno se dá como nas formas anteriores, somente que numa gradação mais intensa. Exteriorização perispiritual, afinização com a entidade que se comunicará, emissão e assimilação de fluidos, formação da atmosfera necessária para que a mensagem se canalize por intermédio dos órgãos do médium, são indispensáveis.

Embora inconsciente da mensagem, o médium é consciente do fenômeno que está se verificando, permanecendo, muitas vezes, junto da entidade comunicante, auxiliando-a na difícil empreitada, ou, quando tem plena confiança no Espírito que se comunica, poderá afastar-se em outras atividades.

Geralmente, o médium, ao recobrar sua consciência, nada ou bem pouco recordará do ocorrido ou da mensagem transmitida. Fica uma sensação vaga, comparável ao despertar de um sonho pouco nítido em que fica uma vaga impressão, mas que a pessoa não saberá afirmar com certeza do que se tratou.

O Espírito Camilo no já citado livro “Desafios da Mediunidade”, analisa alguns aspectos importantes relacionados com o tema:

Questão 15: “É possível para o médium inconsciente, após o transe, lembrar-se das sensações que teve durante a comunicação mediúnica?”

Resposta: “Tendo-se em conta que o médium, em estado de transe inconsciente, não se acha desligado do seu corpo físico, mas somente desprendido, podem remanescer em seus registros cerebrais certas impressões, ou sensações, obtidas durante o transe, podendo mencioná-las quando retorne a sua normalidade”.

Questão 14: “O fato de a mediunidade manifestar-se consciente ou inconscientemente guarda relação com o adiantamento moral do médium?”

Resposta: “De modo nenhum”. A manifestação mediúnica, de aspecto consciente ou inconsciente, nada tem a ver com o grau evolutivo do médium, mas está relacionada com aspectos fisiológicos ou psico-fisiológicos desse mesmo sensitivo.

Não há que se confundir médiuns inconscientes com médiuns sonambúlicos, visto que estes em seu estado de sonambulismo comum, contatam os desencarnados e transmite as mensagens que receba, podendo vê-los e com eles confabular.

Animismo:

Quando Kardec, ainda em “O Livro dos Médiuns”, pergunta aos espíritos se “o espírito do médium influi nas comunicações de outros espíritos que ele deve transmitir”, recebe a seguinte resposta: “Sim, pois se não há afinidade entre eles, o espírito do médium pode alterar as respostas, adaptando-as às suas próprias ideias e às suas tendências.” Em seguida, Kardec lhes pergunta se “é essa a causa da preferência dos espíritos por certos médiuns”, ao que os espíritos respondem: “Não existe outro motivo. Procuram intérprete que melhor simpatize com eles e transmita com maior exatidão o seu pensamento.”

No fenômeno anímico, que não se confunda com mediunidade consciente, é o espírito do próprio médium que se comunica e dá a mensagem através de seu próprio corpo em transe, na maioria das vezes sem que tenha consciência de que é ele mesmo que está passando a mensagem, mesmo que esteja consciente do fenômeno e durante o fenômeno. Ou seja, ele pode até estar consciente de tudo, mas não tem consciência de que é ele mesmo que está se comunicando e transmitindo uma mensagem. Ele pode acompanhar o desenrolar da comunicação, mas não sabe que o comunicante é ele mesmo, ou uma porção inconsciente de sua própria consciência ou espírito (em alguns casos pode estar trazendo um conteúdo dele próprio)…

Mediunidade em crianças:

Herculano Pires, no livro “Mediunidade”, esclarece que as crianças possuem a mediunidade, por assim dizer, à flor da pele, porém são resguardadas pela influência benéfica dos espíritos protetores. Nessa fase infantil, as manifestações, em sua maioria são mais de caráter anímico; a criança projeta a sua alma nas coisas e nos seres que a rodeiam, recebem inspirações de amigos espirituais, às vezes vêem e denunciam a presença de espíritos.

No “Livro dos Médiuns”, capítulo XVIII, a questão da mediunidade em crianças também é abordada e os Espíritos superiores nos dão — em linhas gerais — duas orientações fundamentais: 1) se a mediunidade não se apresenta espontaneamente, tentar fazer com que a criança a desenvolva precocemente é perigoso e, portanto, não recomendado e; 2) se a mediunidade se apresenta espontaneamente não há perigo para a criança, visto que se é espontâneo faz parte de sua natureza.

Ou seja, não se deve forçar o aflorar mediúnico sob o risco de prejudicar a criança, mas se a mediunidade aparecer espontaneamente devemos lidar com esse fenômeno orientando o pequeno médium a conhecer e exercer a base da doutrina dos espíritos para que ele possa crescer, tornar-se um jovem do bem e esclarecido sobre o dom que possui.

Afinal, Gabriel Dellane juntos com seus amiguinhos recebia comunicações espirituais, Chico quando criança conversava com o espírito de sua mãe, Divaldo com o de sua avó, e muitos de nós enquanto crianças tivemos vários amiguinhos espirituais e outros dons, como também pavores e medos indexplicáveis…

Mediunidade em desarmonia:

Existem alguns sinais mais frequentes do aparecimento da mediunidade em desarmonia, que são: cérebro perturbado, sensação de peso na cabeça e ombros, nervosismo (ficamos irritados por motivos sem importância), desassossego, insônia, arrepios (como se percebêssemos passar alguma coisa fria), sensação de cansaço geral, calor (como se encostássemos em algo quente), falta de ânimo para o trabalho e profunda tristeza. Precisamos usar nosso bom senso para percebermos com clareza se os sintomas acima citados são frutos de uma obsessão espiritual, indicando uma mediunidade desequilibrada, ou o resultado de uma auto-obsessão, um desequilíbrio nosso mesmo, gerando neuroses e outros tipos de distúrbios.

Em alguns casos médiuns não esclarecidos ou não diagnosticados como tal, são tratados como esquizofrênicos por ouvirem vozes, ou perceberem coisas que outros não veem e não creem.

Sintonia Mental:

Nos esclarece o Espírito André Luiz, no seu livro “Nos domínios da Mediunidade”, psicografado por Francisco Cândido Xavier:

“Mediunidade não basta só por si”. É impossível saber que tipo de onda mental assimilamos, para conhecer da qualidade de nosso trabalho e o ajuizar de nossa direção.

Em Mediunidade, portanto, não podemos olvidar o problema da sintonia. Atraímos os Espíritos que se afinam conosco, tanto quanto somos por eles atraídos; e se é verdade que cada um de nós somente pode dar conforme o que tem, é indiscutível que cada um recebe de acordo com aquilo que dá.

Achando-se a mente na base de todas as manifestações mediúnicas, quaisquer que sejam as características em que se expressem, é imprescindível enriquecer o pensamento, incorporando-lhe os tesouros morais e culturais, os únicos que nos possibilitam fixar a luz que jorra para nós, das esferas mais altas, através dos gênios da sabedoria e do amor que supervisionam nossas experiências.

Procederam acertadamente aqueles que compararam nosso mundo mental a um espelho. Refletimos as imagens que criamos.

“E, como não podemos fugir ao imperativo da atração, somente retrataremos a claridade e a beleza se instalarmos a beleza e a claridade no espelho de nossa vida íntima”.

Uma mente invigilante atrairá entidades infelizes, vampirizadoras, porque certos Espíritos profundamente materializados, arraigados, ainda, às paixões inferiores, nutrem-se, alimentam-se dessas substâncias produzidas pela mente irresponsável ou deseducada.

O médium não evangelizado, irresponsável, será, via de regra, um permanente criador de imagens deprimentes, a constituírem verdadeira “ponte magnética”, pela qual terão acesso as entidades perturbadoras.

Em verdade, porém, médiuns somos todos nós que registramos, consciente ou inconscientemente, ideias ou sugestões dos Espíritos, externando-as, muita vez, como se fossem nossas.

Ao discutirmos tema elevado, em qualquer lugar e hora, somos, algumas vezes, intérpretes de Espíritos sérios, que de nós se aproximam atraídos pela seriedade da conversação.

Contrariamente, em momentos de invigilância vocabular, no trato com problemas humanos (xingamentos e ofensas), atraímos Espíritos desajustados que, sintonizados conosco, nos fazem porta-voz de suas induções.

O aprimoramento moral contribui para que, na condição de médiuns, de receptores da Espiritualidade, afinizemos com princípios elevados.

O estudo da Doutrina Espírita, participação em reuniões mediúnicas, os passes, um comportamento de elevação moral e a ação na caridade, são elementos fortificantes para todos os que desejam ser bons médiuns a serviço da humanidade.

Espero que tenha sido esclarecedor, por favor deixem seus comentários e suas dúvidas que ficarei feliz em respondê-las.

Gratidão!!!

“Ser médium é investir-se a criatura de sagrada responsabilidade perante Deus e a própria consciência, uma vez que é ser intérprete do pensamento das esferas espirituais, medianeiro entre o Céu e a Terra”.

“Ser médium é algo de sublime, determinando o imperativo da realização interior, a necessidade de o indivíduo conquistar a si mesmo pela superação das qualidades negativas.” Emmanuel –Chico Xavier.

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FONTES:

Estudando a Mediunidade — Martins Peralva

O Livro dos Espíritos — Allan Kardec

O Livro dos Médiuns — Allan Kardec — Segunda Parte, capítulos II, III, IV, V, IX, X, XI, XII, XIII e XV.

No Invisível — Léon Denis — capítulos XVI à XVIII.

O Fenômeno Espírita — Gabriel Delanne — Segunda parte, capítulo I.

Dicionário de Filosofia Espírita — Lamartine Palhano Jr.

PEREIRA, Yvonne Amaral. Recordações da Mediunidade, 5ª edição, Rio de Janeiro (RJ): Federação Espírita Brasileira — Departamento Editorial, 1987. 212 pp., p. 27.

PIRES, J. Herculano — Mediunidade: 2a. ed. São Paulo: PAIDÉIA, 1992 — Cap. I.

https://pt.wikipedia.org/wiki/

http://www.oespiritismo.com.br/mediunidade.php

http://repositorio.uniceub.br/bitstream/123456789/3056/2/20060038.pdf

http://jornalallankardec.blogspot.com.br/

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