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A MEDIUNIDADE. UMA VISÃO CIENTÍFICA E ESPIRITUAL (1ª PARTE).


Durante muitos anos, médiuns foram confundidos com bruxos, feiticeiros e muitos foram queimados em fogueiras. Outros, tiveram diferente sorte e foram internados em hospícios, onde sofreram atrocidades realizadas pela medicina ainda incipiente. E devido á charlatães inescrupulosos, a mediunidade por muito tempo caiu em descrédito e chegou a ser proibida por lei. Porém, nas últimas décadas, o assunto voltou a despertar o interesse da ciência, e hoje ocupa posição de destaque no meio científico. Leia mais...

Atendendo a pedidos realizei sobre o tema, um bom trabalho de pesquisa. Porém, este é um tema muito vasto e complexo se tratado à luz da ciência e dos ensinamentos espirituais.

Nesta 1ª. parte, abordarei os aspectos científicos e religiosos da Mediunidade e no artigo seguinte detalharei os aspectos exclusivamente espirituais à luz do Espiritismo.

Prólogo

Ainda hoje, a mediunidade é vista com receio por boa parte da população, porém quase todos tem uma boa noção do que seja. Mesmo por parte dos céticos, o tema é abordado com cautela. Algumas religiões, exceto o Espiritismo e outras espiritualistas, atribuem os fenômenos mediúnicos à “graças do Espírito Santo”, enquanto outras à possessão do Demônio. O que causa ainda dúvidas e temor a pessoas desinformadas.

No início as pesquisas científicas sobre o assunto visavam apenas desmascarar os supostos médiuns, porém ao se depararem com fatos cientificamente inexplicáveis, propuseram a denominação de paranormais, que acabaram sendo catalogados por

uma nova ciência chamada Parapsicologia e dessa forma, tudo que não se conseguia uma compreensão maior, saía do interesse científico amplo e passava a pertencer a essa nova disciplina. Até que em dado momento da História, médicos psiquiatras, neurologistas, psicólogos e psicanalistas, voltaram suas atenções para tais fenômenos e buscaram compará-los com as psicopatologias. A partir daí recobrou-se a consciência holística do Homem, já identificada muito antes por Sócrates, Platão, Aristóteles e outros grandes pensadores. O

Homem voltava ter corpo, mente e espírito, e sua saúde integral dependia desses fatores e de sua comunhão com o Universo e seu fluído cósmico presente em todas as coisas da criação.

Conheçamos um pouco dessa mudança de paradigma

Mediunidade, ou canalização, designa a alegada comunicação entre humanos (encarnados) e espíritos (desencarnados); ou a manifestação espiritual via corpo físico que não lhe pertence. Apesar de disseminada pela maioria das sociedades ao longo da história humana, foi a partir do século XIX que a mediunidade começou a ser um objeto de intensa investigação científica.

Embora não provada através da ciência stricto sensu, a mediunidade é corroborada por diversas doutrinas e correntes espiritualistas, sendo parte das raízes greco-romanas e judaico-cristãs da sociedade ocidental, bem como dos orientais hinduísmo e budismo tibetano.

A pesquisa sobre a mediunidade e sua relação mente-cérebro trouxe importantes contribuições científicas, sendo que muitos cientistas e intelectuais renomados empenharam-se em realizar tais estudos, entre eles: Allan Kardec, Alexander Moreira-Almeida, Alfred Russel Wallace, Alexandre Aksakof, Camille Flammarion, Carl Jung, Cesare Lombroso, entre outros...

Entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX diversos médiuns foram levados por cientistas renomados a realizarem testes que tornaram supostamente plausível a existência de espíritos, por exemplo a médium estadunidense Leonora Piper e a médium britânica Gladys Osborne Leonard, que foram testadas por décadas e consideradas paranormais autênticas.

O neurocientista Núbor Orlando Facure diz que a mediunidade é um fenômeno fisiológico, universal comum a todas as pessoas, e que pode se manifestar de diferentes maneiras. Nos estudos que realiza, busca compreender a relação entre os núcleos de base dos automatismos psicomotores e aqueles que geram o fenômeno da mediunidade. Em entrevista dada à revista Universo Espírita (N°35, Ano 3), Facure

aponta que os neurônios em espelho podem ser os responsáveis pela sintonia que permite sentirmos no lugar do outro. No entanto, Facure também diz que isso são apenas conjecturas e que atualmente não existe comprovação científica de que o fenômeno se dê dessa forma.

O físico francês Patrick Druot, pesquisador do Instituto Monroe dos Estados Unidos, afirmou que: "não é possível dizer que a mediunidade não existe; a ciência sabe como o cérebro funciona quimicamente, mas ainda não sabe o que faz o cérebro funcionar nos casos mediúnicos".

Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição especial 05:

“Mediunidade é a faculdade humana pela qual se estabelecem as relações entre homens e espíritos. É uma faculdade natural, inerente a todo ser humano, por isso, não é privilégio de ninguém. Em diferentes graus e tipos, todos a possuímos. O que ocorre é que, em certos indivíduos mais sensíveis à influência espiritual, a mediunidade se apresenta de forma mais ostensiva, enquanto que, em outros, ela se manifesta em níveis mais sutis”.

“...Sendo inerente ao ser humano, a mediunidade pode aparecer em qualquer pessoa, independentemente da doutrina religiosa que abrace. A história revela grandes médiuns em todas as épocas e todos os credos. Além disso, a mediunidade não depende de lugar, idade, sexo ou condição social e moral”.

Em pesquisa realizada por Frederico Leão e Francisco Lotufo, médicos psiquiatras da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, constatou-se uma melhora dos aspectos clínicos e comportamentais de "650 pacientes portadores de deficiências mental e múltiplas" ao submetê-los a um tratamento espiritual realizado através de reuniões mediúnicas. Como resultado do estudo, os autores sugerem a "aplicação do modelo de prática das comunicações mediúnicas como terapias complementares".

Outra importante pesquisa foi realizada pelo psiquiatra e parapsicólogo Alexander Moreira-Almeida, que defendeu tese no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP, da Faculdade de Medicina da USP, diz que "os médiuns estudados evidenciaram alto nível socioeducativo, baixa prevalência de transtornos psiquiátricos menores e razoável adequação social. A mediunidade provavelmente se constitui numa vivência diferente do transtorno de identidade dissociativa. A maioria teve o início de suas manifestações mediúnicas na infância, e estas, atualmente, se caracterizam por vivências de influência ou alucinatórias, que não necessariamente implicam num diagnóstico de esquizofrenia".

Desta forma, constatou-se que os médiuns estudados apresentaram boa saúde mental, apesar dos sintomas de visões ou interferências de pensamentos alheios, que não são sintomas de loucura, mas outro tipo de vivência, chamada pelos espíritas de Mediunidade.

Evidencia-se também na CID (Classificação Internacional de Doenças), versão 10 (item F.44.3 que trata de Transtorno de Transe e possessão) que os estados de transes tidos por espiritualistas como oriundos de "possessões espirituais" - comuns em ambientes religiosos - não são acobertados pelo item F.44.3 citado, e não são considerados patológicos;

Mediunidade e Psicologia

A origem da psicologia nos remete a fatos que a tornam profundamente ligada à mediunidade e a espiritualidade. Da Grécia antiga surge a psicologia como o estudo da alma, a busca pela origem do homem. No decorrer dos tempos, até para que pudesse se firmar como ciência reconhecida, a psicologia se afastou de sua origem.

Carl Gustav Jung que, corajosamente, em um tempo em que os homens de ciência deveriam se portar rigorosamente de acordo com as regras impostas para que fossem aceitas, trabalhou com conceitos considerados arrojados e extremamente ousados para a época. E até os dias de hoje é contestado, tamanho o avanço de suas ideias.

O interesse de Jung pelos chamados fenômenos ocultos, que de acordo com vários autores se deu por alguns incidentes inexplicáveis com sua família, principalmente durante sua infância, abriu as portas da psicologia para os fenômenos paranormais e para questões que muitos acreditam pertencer ao reino da religião, mas que Jung e alguns outros estudiosos, que vieram posteriormente, acreditavam ter suas explicações na mente humana e em fatores ligados a uma dimensão diferente da nossa, e mesmo não descartando a possibilidade de que eram incidentes psicopatológicos, nunca deixaram de acreditar e nem de buscar explicações no divino, no sobrenatural, se embasando em pesquisas e observações.

Em meados da década de 1960, depois da aceitação das ideias da psicologia humanista, principalmente de Maslow e Rogers, alguns estudiosos começaram a querer ir além do que já estava estabelecido. Começaram a questionar até onde poderia chegar o potencial da consciência humana. Um dos pontos de partida, que tanto intrigava os psicólogos, foi a psiquiatria, que dava sinais de que existiria uma variedade de estados de consciência surpreendentes.

Destes questionamentos e da busca pelo o que está além do indivíduo, e por aquilo que é comum a todos, surge então, nos Estados Unidos, a quarta força da psicologia: a Psicologia Transpessoal.

Muito embora não seja um dado oficial, muitos autores consideram Jung o primeiro psicólogo transpessoal, e tantos outros ainda o mencionam como a maior influência para o surgimento desta vertente da psicologia. De acordo com o artigo “Carl Rogers and Transpersonal Psychology” de J. K. Wood (1997), o termo transpessoal foi criado por Jung quando escrevia sobre o inconsciente coletivo, querendo se referir a algo além do pessoal.

Na explicação de Guimarães (2005) a abordagem transpessoal estuda as possibilidades psíquicas, sejam mentais, emocionais, intuitivas e somato-sensoriais, do ser humano através dos diferentes estados ou graus de consciência pelos quais passa uma pessoa.

Ainda de acordo com o citado autor, a psicologia transpessoal dá ênfase àqueles estados de consciência chamados de superiores, espirituais ou transpessoais, em que o sentimento de separação e egoísmo da lugar a sentimentos e identificação mais amplos, cooperativos, fraternais e transpessoais para com todos os seres vivos. São exemplos disso a consciência crística, a búdica, nirvânica, universal e ecológica. O autor afirma que alguns grandes mestres da humanidade, em varias áreas experimentaram picos da chamada “consciência cósmica” de tal forma que mudaram não só suas próprias vidas, mas também a de outros. Entre estes estariam mestres religiosos como Cristo, Buda e Francisco de Assis; científicos, como Einstein, Tesla e Heisenberg; políticos, como Gandhi e Martin Luther King e artísticos, como Bach e Leonardo Da Vinci.

Outro ponto de grande relevância é que a mediunidade pode ainda ser considerada como positiva ou negativa. É considerada positiva quando é utilizada para o bem comum e é considerada negativa quando é usada por forças negativas, para o mal ou de forma egoísta, para vantagens do próprio médium. De certa forma esta explicação também serve para a compreensão destes eventos pela psicologia, pois a mediunidade positiva tem utilidade; possui papel funcional na vida do indivíduo; está inserida de forma saudável, ou seja, é uma faceta de uma pessoa considerada mentalmente saudável. Já a negativa, poderia facilmente ser associada a psicopatologias. Tem como consequência a dificuldade de adaptação social e uma vida considerada fora do normal, sem contar que a mediunidade, desta forma, pode ser também motivo de sofrimento.

A Terapia de Vidas Passadas, ou TVP como é frequentemente chamada, vai além das outras ao afirmar não só a existência do espírito, mas também reencarnações. Há uma forte crença em reencarnação, na continuidade da vida e na possibilidade de comunicação com os espíritos. “A vida nunca termina, e ao fazer regressão você percebe que pode perder sua cabeça na guilhotina, mutilar o corpo, destruí-lo no fogo, mas não pode destruir o ser espiritual, a personalidade que vive nesse corpo, a sua força vital, a energia” (Krelling & Krelling, 1999, p. 02). O processo terapêutico seria então a busca das origens dos problemas através de memórias de fatos acontecidos. “Estas memórias podem ser de origem recente (todas as memórias da vida atual a partir do nascimento) ou remota (memórias da vida intrauterina, vidas passadas e intervidas)” (Oliveira, 2001).

Similar ao que ocorre nas reuniões mediúnicas quando o doutrinador faz o atendimento à entidade manifestada no médium, em nosso trabalho como Terapeutas Regressivos Transpessoais, é comum atendermos terapeuticamente, nas sessões de terapia, entidades manifestadas nos pacientes durante o processo de transe hipnótico, que se apresentam como seus obsessores. E ao longo da terapia conseguimos a cura do paciente e também da entidade, visto que através da terapia ocorre a compreensão dos fatos, dos equívocos, o arrependimento, o perdão e encontram-se formas de reparação.

Diferenciando a personalidade esquizofrênica da mediunidade

“Entre os médiuns e os esquizofrênicos fica em comum a presença de uma cisão da personalidade, diferente no entanto pela percepção clara que se tem dos gestores do processo. Na esquizofrenia teremos duas personagens distintas, porém com um gestor único comandando o “teatro” mental montado. Na mediunidade de incorporação haverá também duas personagens, mas com dois gestores bem distintos no comando do processo de comunicação. Trocando em miúdos, o esquizofrênico não consegue acrescentar à sua personalidade os conhecimentos de um “Napoleão” que ele diz ser.

No médium de incorporação, a personalidade toma toda a bagagem do espírito incorporado e os seus conhecimentos são manifestados através do médium, mesmo que este desconheça totalmente aquele cabedal de sabedoria”. Cardoso (2005), médico

pediatra e mestre em Ciências da Religião - CARDOSO, Leonardo M. Paranormalidade ou mediunidade?

A mediunidade foi estudada por alguns pioneiros da psicologia e da psiquiatria que tiveram suas opiniões divididas entre: a) Patológica e não paranormal (Freud e Janet); b) Não necessariamente patológica (Jung e James), de origem inconsciente ou paranormal; c) Evidenciando um desenvolvimento superior da personalidade (Myers), originada no inconsciente, telepatia e comunicação com espíritos.

Patologias por sua vez foram associadas a crença paranormal como a distúrbios dissociativos, esquizofrenia e tendências depressivas. Porém estudos científicos recentes realizados com médiuns relataram que embora as vivências mediúnicas tivessem aspectos semelhantes aos das patologias citadas, não se associaram a outros indicadores de psicopatologia, tais como desajuste social e sintomas psiquiátricos.

Pelos estudos estatísticos realizados (Almeida, 2004; Reinsel, 2004), os médiuns parecem ser, pessoas inseridas socialmente e membros ativos da sociedade, não apresentando sintomas de perturbação emocional, à exceção de um nível maior de somatização, que poderá estar ligado à experiências mediúnicas. Em relação à personalidade, as características que os indivíduos estudados se destacaram aos outros “sem mediunidade” foram nas dimensões da amabilidade e conscienciosidade, talvez devido ao aspecto religioso do Espiritismo.

Em entrevista ao Jornal do Espiritismo, o Dr. Alexander Moreira Almeida disse:

JE - Como distingue em seus pacientes “mediunidade” com distúrbios meramente neuropsicológicos?

AMA – Esta pergunta não admite uma resposta simples. Faz-se necessária uma avaliação cuidadosa e ampla da pessoa, o que ela tem vivenciado, suas crenças e seu contexto social e cultural. Em linhas gerais, para certa vivência ser considerada indicativa de um transtorno mental, deve estar associada a sofrimento, falta de controle sobre sua ocorrência, gerar incapacitação, coexistir com outros sintomas de transtornos mentais e não ser aceita pelo grupo cultural ao qual pertence o indivíduo.

JE - Ao receber um paciente portador de faculdade mediúnica, como conduz o caso?

AMA – Trato o transtorno mental existente além de recomendar que o paciente continue com suas práticas religiosas. No entanto, se ele estiver com desequilíbrios mais graves, inicio o tratamento farmacológico e psicoterápico e solicito o afastamento

das atividades mediúnicas. No entanto, recomendo que continue participando das demais atividades religiosas (palestras, orações, cultos, passes...)

Concluímos então que a ciência, mais propriamente a Medicina, e também, como já vimos em outros artigos, a Física Quântica, já levam com a devida seriedade o assunto da mediunidade e suas implicações na saúde humana e os envolvimentos sociais. E que as faculdades mediúnicas verdadeiramente comprovadas, já deixaram de serem consideradas sintomas patológicos, e tornaram-se aspectos da transcendência da mente humana.

Cuidar da mediunidade, é cuidar de sua saúde integral!

Bem, aqui encerramos a 1ª Parte de nosso artigo.

Espero que esteja atendendo às expectativas, não deixem de ler a continuação (2ª Parte) que será muito esclarecedora com conteúdos da Doutrina Espírita (Kardecista).

Até lá...

“Nunca nos cansaremos de repetir que mediunidade é sintonia. Subamos aos cimos da virtude e do conhecimento e a mediunidade, na condição de serviço de sintonia com o Plano Divino, se elevará conosco.” (Chico Xavier)

"Assim, quando conseguimos transmutar-nos em amor, ante os companheiros que sofrem estamos nos colocando no sentido e na direção que segue todo o Universo e se me fosse pedido o segredo da doutrinação diria apenas uma palavra AMOR." (Hermínio C Miranda)

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FONTES:

Estudando a Mediunidade – Martins Peralva

O Livro dos Espíritos – Allan Kardec

O Livro dos Médiuns – Allan Kardec – Segunda Parte, capítulos II, III, IV, V, IX, X, XI, XII, XIII e XV.

No Invisível – Léon Denis – capítulos XVI à XVIII.

O Fenômeno Espírita – Gabriel Delanne – Segunda parte, capítulo I.

Dicionário de Filosofia Espírita – Lamartine Palhano Jr.

https://pt.wikipedia.org/wiki/

http://www.oespiritismo.com.br/mediunidade.php

http://repositorio.uniceub.br/bitstream/123456789/3056/2/20060038.pdf

http://jornalallankardec.blogspot.com.br/

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